Tuesday, August 10, 2004

Acredito e continuo acreditando...

Quando eu era pequeno, passeava de carro com o meu pai e me distraia vendo a vida passar pela janela. Era tudo diferente aos olhos de uma criança. Gostava de ver as pessoas andarem apressadas pelas calçadas, de ver as árvores que não saem do lugar, parecerem que estavam correndo... Mas não era esse o pensamento principal daquela criança que, de uma forma curiosa, começava a descobrir o mundo. Uma idéia fixa, ao meu ver muito mais importante, martelava em minha cachola... Qual era origem de tudo? Quando falo tudo, eu falo do mundo, da natureza, das pessoas... Porque razão estávamos, aliás, estamos, por aqui? Para nascer e crescer? Para conhecermos melhor as pessoas que nos cercam? E depois? Nos apegamos a elas e... pá pum! Acabou! Vamos embora porque a nossa estadia neste mundo é finita? É como ir a uma bela festa, em um belo restaurante e saber, que ela terá fim e ainda por cima vão te cobrar o dez por cento. Na minha cabeça não parecia nada justo. Vale abrir um parêntese – sempre fui criado dentro da filosofia e doutrina cristã, meus pais e meus avós sempre foram de ir as missas aos domingos e eu os acompanhava – mas naquela época eu ainda não entedia o porquê de uma vida com data marcada para terminar. Não, definitivamente não me parecia justo! Os dias e os anos passaram e eu cresci. Aquela idéia fixa, que chateava aquela criança, se dissipou em meio a outras preocupações e porquês mais emergenciais. Tem famílias que perdem seus entes queridos ainda muito cedo. Tem gente que nasce e não chega a conhecer um avô ou uma avó. A minha família, graças a Deus, não teve nada disto. Passamos muitos natais todos juntos. Mas, como já disse antes, a vida tem data marcada e um dia... ela vem e te cobra a conta. Há cabo de mais ou menos um mês e meio, a minha vó materna, até então muito bem de saúde, veio a falecer de forma súbita. Ninguém na família poderia esperar. Foi realmente uma desagradável surpresa! Eu não demonstrei, não pareci sentir tanto quanto outros familiares e, realmente não devo ter sentido tanto quanto por exemplo, a minha mãe, mas eu senti... Era a primeira vez que a morte avizinhava a minha porta... Passou um tempo e avó da minha namorada também veio a falecer. E ontem, acabei por ir ao enterro do avô de um amigo meu. Vejam só! Em questão de menos de dois meses vi um ente querido falecer e vi pessoas de quem eu gosto muito, sentirem a mesma dor... Pois bem, aquela preocupação do início, a perguntinha chata, voltou a martelar em minha cachola. Porque tudo isto? Não, ainda não tenho a resposta... Infelizmente, não! Mas busco de forma mais consciente o conforto na doutrina em que fui criado. Hoje acredito que Deus tem sempre um plano melhor. Acredito que Cristo não morreu em vão, que existe uma vida eterna que compense o fato da vida carnal ser finita. Acredito que não temos a capacidade de ver o todo. Temos uma visão superficial da vida e dos planos do Criador. Só Deus enxerga por todos os ângulos e prismas... Acredito e sigo acreditando. Porque se não acreditasse, o que seria da minha vida? Um amontoado de nada! De nada valeria ser justo! De nada valeria respeitar os outros... Se não houvesse um depois, poderíamos fazer que nos desse na telha, porque nada aconteceria mais tarde. Acredito e sigo acreditando, porque há um pequeno grupo de pessoas que se eu perdesse, acho que enlouqueceria. As mesmas pessoas que eu sentiria falta de ver, de ouvir ou sentir, se vida viesse agora, cobrar a minha conta e os dez por cento. Acredito e sigo acreditando, por se eu não acreditasse, não teria o porquê de levantar, manhã após manhã e continuar fazendo as mesmas coisas todos os dias...

Morte de ente querido é coisa séria para o arabe. Ele tem mais ou menos a mesma visão que o autor do blogger. Se as pessoas que amamos vão mais cedo para junto de Aláh é porque era para ser assim... Claro que é difícil nos conformarmos, mas não há outro jeito! Condolências a todos, presta o arabe.

3 Comments:

At 7:12 PM, Anonymous Anonymous said...

Eu acrdito na vida apos a morte...em reencarnacao. Sim, pra mim ha uma continuidade do que aprendemos na vida atual, do qual soma com as anteriores e levamos para um futuro nascimento.
Nas minhas buscas por respostas (..) qual o fundamento de nascer, viver, apredner, conviver, sorrir , sofrer e morrer? (..) se depois a carne ira perecer? E a mente no que evoluiu? E as dificuldades e aquisicoes presentes, vao para onde?
A continuidade eh a resposta para mim..que nao tem ceu nem inferno; nos mesmos que habitamos nestes dois lugares se quisermos...mundos celestiais ou infernais.

No mais, os entes queridos nos faz falta sim, da presenca fisica, da convivencia diaria, mas se acreditamos na vida apos a vida, eles estarao perto de nos, em nossa mente e coracao..e mais podemos reencontra-los no plano paralelo ao nosso.

Beijos Carapalida,

Orion- que esta desanimada hoje e que adorou o texto do Bruno.

 
At 1:50 PM, Blogger Bruno Giacobbo said...

Oi Flávia!
Olha, eu não acredito em reecarnação.
Acho que só temos uma chance aqui na terra
e que temos que aproveitá-la ao máximo!
A minha esperança é no "paraíso" prometido
por Cristo. Em lugar onde reecontraremos
as pessoas de nossa época e encontraremos
pessoas que não convivemos... É a minha
esperança, é aquilo que acretido, senão
não teria razão eu professar a doutrina
católica... Agora, de uma maneira ou de
outra, acreditemos numa coisa ou noutra,
conviver com ausência do ente querido
é difícil de qualquer maneira!
Beijos!

 
At 2:50 PM, Anonymous Anonymous said...

Sim Bruno, a falta da convivencia corporal nos tras um certo vazio e muitas saudades, porque nao se esta vendo, pegando e ouvindo este ente querido. Mas quando este mesmo ente parte da materia, o que fica realmente sao as lembrancas..essas bem vivas dentro da gente.

Sim cada um tem que buscar entender os meandros da vida e procurar caminhos para poder viver bem em todos os aspectos.

O importante Carapalida eh a gente ter uma FE, acreditar que somo regidos por uma FORCA MAIOR que nos da sustencao, temor, aprendizado, respeito ao proximo e saber que viemos de algum lugar e que vamos ter para onde voltar quando partirmos desta para outra.

Beijos Sr. Faissal

ps.:Orion que esta escrendo muito.

 

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